Skip to main content

Autor: nucleo-nac

Campanha para o Centro Bororé

O Centro de Promoção Social Bororé é uma Entidade Beneficente sem fins lucrativos, localizada na periferia da zona sul de São Paulo, no bairro do Jardim Lucélia (Grajáu).

Foi fundado no dia 05 de novembro de 1988, pelo italiano Padre Giuseppe Benito Pegoraro (falecido).

Tem como missão contribuir para a formação humana e social da comunidade local do Jardim Lucélia e proximidades, prioritariamente da criança e do adolescente, através do trabalho nas potencialidades individuais e coletivas em ambiente de acolhimento e amor.

Oferece educação, esporte, cursos diversos, arte, dança e, principalmente, um ambiente familiar com respeito ao ser humano, em especial à criança e ao adolescente, apoio às famílias, cultura e lazer, integração social, convivência fraterna, educação para o futuro, confiabilidade e transparência nas relações.

O NAC visitou essa entidade em Julho de 2022 e aprovou a doação de:

  • 1 Geladeira
  • 2 Roçadeiras
  • 9 Aparelhos de DVD

Seguem as fotos da visita realizada pela voluntária Vera.

Seguem as fotos dos materiais já entregues.

Macieira Encantada

Era uma vez um reino pobre, situado perto de uma grande montanha de difícil acesso. No alto dessa montanha havia uma Macieira Encantada, que produzia maçãs de ouro. O Rei do lugar resolveu oferecer um grande prêmio àquele que se que conseguisse trazer as maçãs, pois assim o reino estaria a salvo da pobreza. Apareceram três valorosos e corajosos cavaleiros dispostos a essa aventura tão difícil. Eles deveriam seguir separados e, por coincidência, havia três caminhos: 1º – rápido e fácil, onde não havia nenhum obstáculo e nenhuma dificuldade; 2º – rápido e não tão fácil quanto o primeiro, pois havia algumas situações a serem enfrentadas; 3º – longo e difícil, cheio de situações trabalhosas. Foi efetuado um sorteio. O primeiro sorteado escolheu, o Primeiro caminho. O segundo sorteado escolheu o Segundo caminho. O terceiro sorteado, sem opção, aceitou o Terceiro caminho.

O Primeiro, com muita facilidade, chegou rapidamente até a montanha e logo viu a macieira. O que ele não esperava, porém, é que ela fosse tão inatingível. As maçãs estavam em galhos muito altos. Não havia como subir. Ele não possuía nenhum meio de chegar até lá em cima. Acabou desistindo e retornou para o povoado. O Segundo enfrentou galhardamente a primeira situação com a qual se deparou, porém logo em seguida apareceu outra, e logo depois mais uma e mais outra. Como andava muito rápido, acabou ficando cansado e voltou para a aldeia. O Terceiro teve seu primeiro teste quando acabou sua água e ele chegou a um poço. Quando puxou o balde, arrebentou a corda e ele então, com suas ferramentas e alguns galhos, improvisou uma escada para descer até o poço e retirar a água para saciar sua sede. Resolveu levar a escada consigo e também a corda remendada. Percebeu que estava começando a gostar muito dessa aventura. Depois de descansar, seguiu viagem e precisou atravessar um rio com uma correnteza fortíssima. Construiu, então, uma pequena jangada e com uma vara de bambu como apoio, conseguiu chegar do outro lado do rio, protegendo assim sua mochila, seus agasalhos e todo o material que levava consigo para o momento que precisasse deles, incluindo a jangada. Num outro ponto do caminho ele teve de cortar o mato denso e passar por cima de grossos troncos. Com esses troncos ele fez rodas para facilitar o transporte do seu material, usando também a corda para puxar. E assim, sucessivamente, a cada nova situação que surgia, como ele não tinha pressa, calmamente, fazendo uso de tudo o que estava aprendendo nessa viagem e do material que, prudentemente guardara, resolvia facilmente a questão.

A viagem foi longa mas um dia chegou o momento esperado, quando ele se defrontou com a Macieira Encantada. Ele se pôs a trabalhar fazendo uso de todos os seus recursos. Transformou a jangada numa grande cesta, para guardar as maçãs, subiu na árvore, pela escada, usou o bambu para empurrar as maçãs mais altas e mais distantes. Depois de encher a cesta com as maçãs, e com a certeza de que poderia voltar ali quando quisesse por ser a Macieira pródiga, agradeceu a Deus por ter chegado, por ter conseguido concluir seu objetivo. Agradeceu principalmente a si mesmo pela coragem e persistência na utilização de todos os seus recursos, como inteligência e criatividade. Voltou pelo caminho mais fácil, levando consigo os frutos de seu trabalho e de seus esforços, frutos esses colhidos com muita competência e merecimento.

Descobriu, entre outras coisas que tudo que apareceu em seu caminho foi útil e importante para sua vitória. Cada uma das situações que resolveu, foi de grande aprendizado, não só para aquele momento, mas também para vários outros na sua vida futura. Descobriu que o trabalho feito com prazer aumenta as chances de sucesso e que quando o objetivo vale a pena, não há nada que o faça desistir no meio do caminho.

O Jardineiro Consciente

Cada uma de nossas aflições, cada pensamento inadequado ao nosso bem estar, contem também os elementos que nos permitem transforma-los. Nossa raiva contém todos os fatores que a fizeram se manifestar. Se a nossa raiva não contivesse também os elementos de transformação, como poderíamos transformar a raiva em não raiva?

Em nosso solo temos muitas flores perfumadas. Um jardineiro hábil não joga fora o lixo da cozinha, mas transforma-o em fertilizante. Com o passar do tempo, o lixo se transformará numa bela cesta de frescos vegetais verdes. Se soubermos como fertilizar nossas aflições, nosso egoísmo, nosso ódio, nossa ignorância, nosso orgulho, nossas dúvidas, nossos pontos de vista, nossa agitação, nosso torpor e nossa inconsciência, nós poderemos transforma-los em paz, alegria, liberdade e felicidade.

Não é necessário você jogar fora coisa alguma na sua vida. De fato não há nada que possamos jogar fora. Se nós pudéssemos nos livrar de algo, nós teríamos que nos livrar de tudo, porque o todo está na parte.

Quando entramos na cozinha num dia de inverno, nos sentimos aquecidos e confortáveis. Nossa sensação de calor e conforto não se deve ao forno da cozinha, mas sim ao frio do lado de fora. Se a temperatura do lado de fora não fosse tão baixa, nós não sentiríamos conforto ao entrar numa cozinha aquecida.

Sentimentos agradáveis são originados de sentimentos desagradáveis. Sentimentos desagradáveis são originados de sentimentos agradáveis. Um pensamento contem todos os outros pensamentos. Cada semente contem todas as outras sementes. A semente da raiva contem dentro dela a semente do amor. A semente da ilusão contem dentro dela a semente da iluminação.

Quando transformamos nossa inconsciência em consciência, nós vemos que não há nada a ser rejeitado ou descartado. Um jardineiro consciente da realidade não jogará fora seu lixo. Ao olhar o lixo, ele verá belos pepinos, alfaces e flores, porque sabe que o lixo pode ser transformado em fertilizante para o seu jardim. Quando transformamos nossas aflições e as usamos como fertilizante, as flores da alegria, paz, liberdade e felicidade crescerão.

Precisamos aceitar aquilo que é aqui e agora, incluindo nosso sofrimento e desilusão. Flores e lixo, ambos existem no presente, aqui e agora. As condições para a iluminação também existem aqui e agora, no presente. Olhando profundamente a natureza do sofrimento e transformando essa energia do sofrimento, poderemos permitir que a energia da felicidade e da paz se manifeste em nós.

Do livro Transformation at the Base de Thich Nhat Hanh

A Conferência dos Pássaros

Os pássaros do mundo encontram-se para uma conferência. Uma poupa* se levanta e dirigindo-se à multidão com autoridade natural, sugere que o que falta aos pássaros é um líder espiritual, um Simorgh, para lhes mostrar uma alternativa. Todos devem voar em busca do Simorgh.

Mas muitos pássaros desanimam diante da perspectiva de uma longa e árdua busca. Os falcões preferem o poder de príncipes terrenos; as garças, sua praia desolada; os patos o seu lago acolhedor. Os pintassilgos temem pela sua fragilidade, e os rouxinóis por seu canto.

Mas um grupo parte, atravessando sete vales: o Vale da Busca, o Vale do Amor, o Vale da Percepção do Mistério, o Vale do Desapego, o Vale da Unidade, o Vale da Perplexidade e o Vale da Pobreza e do Nada. Em cada vale eles enfrentam perigos, vicissitudes e tentações e ouvem histórias de personagens exemplares.

Um deles é Sócrates que responde aos discípulos que lhe perguntam onde devem enterrá-lo: “Se vocês me encontrarem é porque são com certeza inteligentes, porque eu nunca me encontrei”.

Quando os pássaros finalmente chegaram à corte de Simorgh, só trinta deles sobreviveram e estão velhos, cansados, desgrenhados e imundos. Um arrogante arauto do palácio surge e desdenhoso de sua aparência surrada, lhes diz que são indignos e devem voltar para o lugar de onde vieram.

Mas os pássaros insistem e são finalmente admitidos. O palácio é de fato glorioso, mas está vazio, a não ser pelos espelhos.

Eles voam de um lado para outro, frustrados e deprimidos por terem vindo de tão longe e suportado tanto para nada. Mas, pouco a pouco, um estranho sentimento de alegria toma conta dos pássaros.

De repente eles percebem o significado dos espelhos. Afinal tinham encontrado Simorgh. Estavam vendo Simorgh nos espelhos, porque eles eram Simorgh. Simorgh era eles.

*Poupa é uma ave de médio porte.

Texto de Michael Foley no livro a Era da Loucura, baseado em um poema sufi do século 12 escrito por Farid Ud-Din Attar.

Carta Sobre a Felicidade

Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito.

Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz.

Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem-aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.

Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações.

Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada pra nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos.

A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui.

Consideremos também que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade, outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida.

E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz.

Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca e o ser vivo não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito.

É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.

Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advém efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo.

Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas.

Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos. Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.

Consideramos ainda a autossuficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.

Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos.

De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade.

Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade e a felicidade é inseparável delas.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.

Resumo da Carta Sobre a Felicidade, de Epicuro a Meneceu

A Coragem de Experimentar

Um rei submeteu sua corte à prova para preencher um cargo importante.

Um grande número de homens poderosos e sábios reuniu-se ao redor do monarca.

“Ó vós, sábios”, disse o rei, “eu tenho um problema e quero ver qual de vós tem condições de resolvê-lo.”

Ele conduziu os homens a uma porta enorme, maior do que qualquer outra por eles já vista.

O rei esclareceu:

“Aqui vedes a maior e mais pesada porta de meu reino. Quem dentre vós pode abri-la?”

Alguns dos cortesãos simplesmente balançaram a cabeça. Outros, contados entre os sábios, olharam a porta mais de perto, mas reconheceram não ter capacidade de fazê-lo.

Tendo escutado o parecer dos sábios, o restante da corte concordou que o problema era difícil demais para ser resolvido. Somente um único vizir aproximou-se da porta.

Ele examinou-a com os olhos e os dedos, tentou movê-la de muitas maneiras e, finalmente, puxou-a com força.

E a porta abriu-se.

Ela tinha estado apenas encostada, não completamente fechada, e as únicas coisas necessárias para abri-la eram a disposição de reconhecer tal fato e a coragem de agir com audácia.

O rei disse:

“Tu receberás a posição na corte, pois não confias apenas naquilo que vês ou ouves; tu colocas em ação tuas próprias faculdades e arriscas experimentar.”

Extraído de: O Mercador e o Papagaio – Nossrat Peseschkian

Campanha do NAC para a CMK

O Centro de apoio à criança com câncer – CMK, é uma entidade beneficente sem fins lucrativos que, desde janeiro de 2006, assiste crianças carentes portadoras de câncer provenientes de qualquer lugar do país.

Respeitando as limitações atuais, sem perda de qualidade dos atendimentos a que se propuseram, prestam auxílio para cerca de 30 crianças, fornecendo suporte a medicamentos, (transporte), ajuda funerária, alimentação, material escolar, além de muito carinho e apoio para eles e seus familiares/acompanhantes por meio de equipe de monitores e cuidadores.

Fornece ao jovem carente portador de câncer e seu acompanhante um ambiente agradável no qual possam dispor de alimentação, repouso e recreação durante o tempo de tratamento.

Forma e capacita voluntários para assegurar qualidade no atendimento e cuidados para com o jovem com câncer respeitando seu estado físico e psicológico.

Em junho de 2022 o NAC doou 1 fogão industrial, 4 pneus para Kombi e 1 forno de microondas

Antes que você morra

Com a sua mente, você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você. Muitos estão se movendo nela; é uma autoestrada, concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança. Com o coração você está só, ninguém está com você. O medo o pega, o possui, toma conta de você. Para onde você está indo?

Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe aonde vai porque pensa que a multidão sabe. E todos estão na mesma posição; todos pensam: “Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar”. Todos pensam assim.

Na verdade, a multidão não vai a lugar algum. Jamais uma multidão chegou à meta alguma; a multidão continua a caminhar. Você nasce e se torna parte dela e a multidão já estava caminhando antes de você nascer. E chega um dia em que você acaba, você morre e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo.

A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto. Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro.

Quando você começa a cair em direção ao coração, você fica só; agora ninguém pode estar ali com você. Você, na sua solidão total, ficará temeroso e assustado. Agora não saberá para onde está indo, porque ninguém está ali e não há marcos de referência. Na verdade, não há um caminho sólido, concreto. O coração não está mapeado, medido, cartografado. Só haverá um tremendo medo.

Todo o esforço deve ser para não ter medo, porque somente através do coração é que você renascerá. Mas antes de renascer, você terá que morrer. Ninguém pode renascer antes de morrer. Se você morre, fica disponível a fontes infinitas de vida. Na verdade, você morre na sua forma presente; ela ficou estreita demais. Nela você apenas sobrevive, você não vive.

A tremenda possibilidade da vida está completamente fechada, e você se sente confinado, preso. Você sente, em todas as partes, uma limitação, uma prisão. Uma parede, um paredão de pedra surge em cada lugar para onde você se dirige — uma parede.

Todo o esforço é de como quebrar estas paredes de pedra. E elas não são feitas de pedras, mas de pensamentos. E nada é mais rochoso o que um pensamento; eles são feitos de dogmas, de escrituras. Eles o cercam e onde quer que vá, você os carrega junto. Você carrega sua prisão; ela está sempre pendurada à sua volta. Como rompê-la?

A quebra das paredes parecerá uma morte para você. E éde certo modo, porque sua identidade atual será perdida. Seja você quem for, sua identidade será perdida; você não será mais. E se você olhar para trás, não terá a sensação de que era real tudo aquilo que existia antes desta ressurreição. Não, parecerá como se fosse um sonho, ou como se você tivesse lido em algum lugar, uma ficção, ou como se alguém tivesse contado sua própria estória e que jamais fora sua, mas de outra pessoa.

O velho desaparece completamente. Eis por que chamamos isto de morte. Um fenômeno absolutamente novo passa a existir, e lembre-se da palavra “absolutamente”. Não é uma forma modificada do velho, nãotem conexão alguma com o velho; trata-se de uma ressurreição. Mas a ressurreição só é possível quando você for capaz de morrer.

Adaptado do livro Antes que você morra – Osho

Silêncio e Paz

A vida da maioria das pessoas é um amontoado desordenado de coisas: itens materiais, tarefas a fazer questões sobre as quais pensar. A mente dessas pessoas é ocupada por um emaranhado de pensamentos, um após o outro.

Porém, além de estarmos conscientes das coisas – que sempre se resumem a preocupações, pensamentos e emoções – existe um estado subjacente de atenção. Isso quer dizer que temos consciência não apenas das coisas (objetos), como também do fato de que estamos conscientes.

É o que ocorre quando somos capazes de sentir um silêncio interior sempre alerta de fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Você é capaz de sentir sua própria presença.

Quando não estamos totalmente identificados com as formas, a consciência – quem nós somos – se vê livre do seu aprisionamento na forma. Existe espaço entre nossos pensamentos. Desse espaço emana uma paz que não é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz é espaço. Essa é a paz de Deus.

Dessa maneira, podemos desfrutar e estimar as coisas e os eventos sem lhes atribuir uma importância que eles não têm.

Estamos em condições de participar da dança da criação e de ser ativos sem nos apegar ao resultado e sem impor exigências pouco razoáveis em relação ao mundo, como “satisfaça-me”, “faça-me feliz”, “faça-me sentir mais seguro”, “diga-me quem sou”.

O mundo não pode nos dar nada disso, e quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim.

Assim, podemos aproveitar as coisas, as experiências e os prazeres sensoriais sem nos perdermos neles, sem nos apegarmos internamente a nada disso, isto é, sem nos tornarmos viciados no mundo.

Sempre que as coisas assumem uma importância absoluta, uma seriedade e um peso que na verdade elas não têm, toda vez que o mundo não é visto da perspectiva do que não tem forma, da dimensão da consciência, ele se torna um lugar ameaçador e em última análise, de desespero.(…)

Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas do fluxo do pensamento. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa – e é assim que ele é para a maioria das pessoas.

Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam.

Aos poucos elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço da nossa parte.

Mais importante do que fazer com que sejam longas, é criá-las com frequência para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados com espaços de silencio e paz.

Adaptado do livro Em Comunhão com a Vida de Eckhart Tolle

Nada é permanente

Havia um rei muito poderoso que tinha tudo na vida, mas sentia-se confuso. Resolveu consultar os sábios do reino e disse-lhes:

– Não sei por que me sinto estranho e preciso ter paz de espírito. Preciso de algo que me faça alegre quando estiver triste e que me faça triste quando estiver alegre.

Os sábios resolveram dar um anel ao rei, desde que o rei seguisse certas condições:

– Debaixo do anel existe uma mensagem, mas o rei só deverá abrir o anel quando ele estiver num momento intolerável. Se abrir só por curiosidade, a mensagem perderá o seu significado. Quando TUDO estiver perdido, a confusão for total, acontecer a agonia e nada mais se puder fazer, aí o rei deve abrir o anel.

O rei seguiu o conselho. Um dia o país entrou em guerra e perdeu. Houve vários momentos em que a situação ficou terrível, mas o rei não abriu o anel porque ainda não era o fim. O reino estava perdido, mas ainda podia recuperá-lo. Fugiu do reino para se salvar. O inimigo o seguiu, mas o rei cavalgou até que perdeu os companheiros e o cavalo. Seguiu a pé, sozinho, e os inimigos atrás; era possível ouvir o ruído dos cavalos. Os pés sangravam, mas tinha que continuar a correr. O inimigo se aproxima e o rei, quase desmaiado, chega à beira de um precipício. Os inimigos estão cada vez mais perto e não há saída, mas o rei ainda pensa:

– Estou vivo, talvez o inimigo mude de direção. Ainda não é o momento de ler a mensagem…

Olha o abismo e vê leões lá embaixo, não tem mais jeito. Os inimigos estão muito próximos, e aí o rei abre o anel e lê a mensagem:

“Isto também passará”.

De súbito, o rei relaxa. Isto também passará e, naturalmente, o inimigo mudou de direção. O rei volta e tempos depois reúne seus exércitos e reconquista seu país. Há uma grande festa, o povo dança nas ruas e o rei está felicíssimo, chora de tanta alegria e de repente se lembra do anel, abre-o e lê a mensagem:

“Isto também passará”.

Novamente ele relaxa, e assim obtém a sabedoria e a paz de espírito.