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Silêncio e Paz

A vida da maioria das pessoas é um amontoado desordenado de coisas: itens materiais, tarefas a fazer questões sobre as quais pensar. A mente dessas pessoas é ocupada por um emaranhado de pensamentos, um após o outro.

Porém, além de estarmos conscientes das coisas – que sempre se resumem a preocupações, pensamentos e emoções – existe um estado subjacente de atenção. Isso quer dizer que temos consciência não apenas das coisas (objetos), como também do fato de que estamos conscientes.

É o que ocorre quando somos capazes de sentir um silêncio interior sempre alerta de fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Você é capaz de sentir sua própria presença.

Quando não estamos totalmente identificados com as formas, a consciência – quem nós somos – se vê livre do seu aprisionamento na forma. Existe espaço entre nossos pensamentos. Desse espaço emana uma paz que não é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz é espaço. Essa é a paz de Deus.

Dessa maneira, podemos desfrutar e estimar as coisas e os eventos sem lhes atribuir uma importância que eles não têm.

Estamos em condições de participar da dança da criação e de ser ativos sem nos apegar ao resultado e sem impor exigências pouco razoáveis em relação ao mundo, como “satisfaça-me”, “faça-me feliz”, “faça-me sentir mais seguro”, “diga-me quem sou”.

O mundo não pode nos dar nada disso, e quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim.

Assim, podemos aproveitar as coisas, as experiências e os prazeres sensoriais sem nos perdermos neles, sem nos apegarmos internamente a nada disso, isto é, sem nos tornarmos viciados no mundo.

Sempre que as coisas assumem uma importância absoluta, uma seriedade e um peso que na verdade elas não têm, toda vez que o mundo não é visto da perspectiva do que não tem forma, da dimensão da consciência, ele se torna um lugar ameaçador e em última análise, de desespero.(…)

Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas do fluxo do pensamento. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa – e é assim que ele é para a maioria das pessoas.

Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam.

Aos poucos elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço da nossa parte.

Mais importante do que fazer com que sejam longas, é criá-las com frequência para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados com espaços de silencio e paz.

Adaptado do livro Em Comunhão com a Vida de Eckhart Tolle

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