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Antes que você morra

Com a sua mente, você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você. Muitos estão se movendo nela; é uma autoestrada, concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança. Com o coração você está só, ninguém está com você. O medo o pega, o possui, toma conta de você. Para onde você está indo?

Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe aonde vai porque pensa que a multidão sabe. E todos estão na mesma posição; todos pensam: “Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar”. Todos pensam assim.

Na verdade, a multidão não vai a lugar algum. Jamais uma multidão chegou à meta alguma; a multidão continua a caminhar. Você nasce e se torna parte dela e a multidão já estava caminhando antes de você nascer. E chega um dia em que você acaba, você morre e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo.

A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto. Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro.

Quando você começa a cair em direção ao coração, você fica só; agora ninguém pode estar ali com você. Você, na sua solidão total, ficará temeroso e assustado. Agora não saberá para onde está indo, porque ninguém está ali e não há marcos de referência. Na verdade, não há um caminho sólido, concreto. O coração não está mapeado, medido, cartografado. Só haverá um tremendo medo.

Todo o esforço deve ser para não ter medo, porque somente através do coração é que você renascerá. Mas antes de renascer, você terá que morrer. Ninguém pode renascer antes de morrer. Se você morre, fica disponível a fontes infinitas de vida. Na verdade, você morre na sua forma presente; ela ficou estreita demais. Nela você apenas sobrevive, você não vive.

A tremenda possibilidade da vida está completamente fechada, e você se sente confinado, preso. Você sente, em todas as partes, uma limitação, uma prisão. Uma parede, um paredão de pedra surge em cada lugar para onde você se dirige — uma parede.

Todo o esforço é de como quebrar estas paredes de pedra. E elas não são feitas de pedras, mas de pensamentos. E nada é mais rochoso o que um pensamento; eles são feitos de dogmas, de escrituras. Eles o cercam e onde quer que vá, você os carrega junto. Você carrega sua prisão; ela está sempre pendurada à sua volta. Como rompê-la?

A quebra das paredes parecerá uma morte para você. E éde certo modo, porque sua identidade atual será perdida. Seja você quem for, sua identidade será perdida; você não será mais. E se você olhar para trás, não terá a sensação de que era real tudo aquilo que existia antes desta ressurreição. Não, parecerá como se fosse um sonho, ou como se você tivesse lido em algum lugar, uma ficção, ou como se alguém tivesse contado sua própria estória e que jamais fora sua, mas de outra pessoa.

O velho desaparece completamente. Eis por que chamamos isto de morte. Um fenômeno absolutamente novo passa a existir, e lembre-se da palavra “absolutamente”. Não é uma forma modificada do velho, nãotem conexão alguma com o velho; trata-se de uma ressurreição. Mas a ressurreição só é possível quando você for capaz de morrer.

Adaptado do livro Antes que você morra – Osho

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